quinta-feira, 5 de junho de 2008

GTA4 on Review - Peguem suas tochas e pitchforks

Em tempo: quem vem aqui esperando instantaneidade é burro, então não enche. Quer notícias na velocidade da luz, escritas tão rápidamente que os jornalistas não têm nem tempo para pensar? Vá para um portal "copy paste" como o UOL Jogos. Aqui eu paro, penso e (quase nunca) escrevo.



E eu juro que não iria fazer isso, mas um review de Grand Theft Auto 4 se tornou obrigatório devido a uma série de fatores:

a) Comprei o bagulho em pré-venda;
b) Nenhuma revista, site, pessoa ou girafa no mundo concorda com o que eu penso sobre ele;
c) A Flávia Gasi resenhou, e, claro, deu 10;


Milk that cow, Rockstar




Gosto de comparar a Rockstar North e sua trajetória com a dos roqueirinhos indie que se encontra aos montes em bares undeground e fotologs por aí. Envergonhados de seu começo tímido, com nome de DMA Design (tiraram esse nome de um manual do Amiga, quer coisa mais nerd que isso?), e fazendo jogos criativos e bonitinhos como Lemmings e Uniracers, o pessoalzinho de lá deve ter cansado de levar chumbo das meninas e resolveu jogar fora o suéter e os óculos, botar uma pose de rockstar e sair fazendo cara de mau por aí.

E não é que deu certo? Em parte, porque o primeiro GTA foi sensacional, e sua inevitável sequência tridimensional também. Em outra parte, menos bonita, foi por causa da imbecilidade do gamer médio, que aceita que jogos pasteurizados com gráficos melhorados e perfumarias lhe sejam empurrados goela abaixo com uma pá. Foram esses idiotas que ajudaram a Rockstar a pensar que o sucesso de GTA se deu por causa da violência e da temática politicamente incorreta, e não por sua fórmula inovadora. E tome jogos fraquinhos como Manhunt 2 e Bully.

Vamos tirar o que não interessa da frente

Sejamos francos: você, leitor, não quer saber porque GTA4 é bom. As revistas, os sites, seus amigos, o hype, Jack Thompson e o inconsciente coletivo já martelaram na sua cabeça quais são as qualidades de GTA, então irei sintetizá-las em uma linha sem qualquer pontuação.

Narrativabacanacidademaisvivadetalhespracaralhoconteúdo
infinitowarmcoffeetelevisãorádiointerneteisso:




Cineminha de 60 dólares

Agora vamos ao que interessa: malhar o jogo. A primeira coisa que salta aos olhos quando se joga GTA 4 pela primeira vez não é o visual incrivelmente borrado que me fez esfregar meus óculos na camisa. Na-na-não. Foi o fato de que 50% do hype criado em torno desse game era "Este será o primeiro GTA em 3D com gameplay decente". Tanto que, espertamente, a Rockstar teve a moral de lançar dezenas de vídeos mostrando cenas não-interativas do game, e, obviamente, nada de jogo. Isso reflete bem o que a cria dos roqueiros revoltadinhos é para mim: ótimo de assistir, horrível de jogar.

Por mais fanboy da Rockstar que você seja, é impossível ignorar que jogar GTA é uma experiência tão suave e agradável quanto raspar as axilas com um texugo. A câmera é uma porcaria, o sistema de cobertura tentou imitar Gears of War e não conseguiu, os combates mano-a-mano são um desastre, os tiroteios são ridículos, e dirigir um carro é comparável a tentar manobrar um carrinho de compras cheio de bigornas.

Quem não tentou mirar em um inimigo bem à sua frente e acabou com a mira travada em um serelepe pedestre que passava em um viaduto a 100 metros de distância que atire a primeira pedra. ¬¬

É impressionante que, em uma produção desse nível, não tenha um filho das unhas que saiba fazer um gameplay decente - foram os maiores créditos finais que eu já vi na vida! E o pior de tudo é a arrogância em não deixar o jogador configurar quase nada. Sabia que tem gente que odeia que a câmera volte automaticamente para o centro da tela, Rockstar?

Não dá para jogar uma pérola de qualidade nos controles como Assassin's Creed e depois vir sofrer com essa porcaria aqui. Outros jogos menos conceituados já foram "Lynchados" (sacou? sacou?) pela crítica especializada por sua jogabilidade tosca, mas eu não sei qual venda nos olhos dos jornalistas impede que eles vejam que o gameplay de GTA 4 é de jogo B. E não há desculpas para isso. Não, não.

Nada de Novo Entre o Skybox e a Terra?

Hoje em dia há tantas sequências que o trabalho de "review" ficou reduzido a dizer o que mudou desde a última versão da bagaça. Acontece que eu realmente esperava que a Rockstar virasse a mesa. As decisões estavam indo por um ótimo caminho: saem os caças militares e os mini-games de malhação, e entram uma cidade menor e mais atenção aos detalhes. Sai o asqueroso "bling bling" dos manos do hip-hop e entra um protagonista feio com sotaque de Borat. Coisas boas pareciam estar por vir.



E sabe do que mais? Realmente estavam - foi uma grata surpresa perceber que a franquia começou a tomar um rumo diferente do desastre que foi a narrativa de San Andreas. O jogo anterior era absurdamente egocêntrico, incentivando o jogador a enriquecer, comprar roupas legais, malhar na academia e provar que o crime compensa, e muito, enquanto financia cantores de rap sem talento com dinheiro do tráfico. GTA4 é menos sobre umbigo e mais sobre as relações entre as pessoas, e isso fica bem claro logo no começo, quando inúmeros compromissos sociais se apresentam. E mais, essas mecânicas sociais foram integradas ao jogo - se seus amigos gostarem de você, eles irão ajudá-lo quando precisar. Niko Bellic é também o protagonista mais humano que apareceu na série até agora. Não que ele seja algum santo, mas todos os outros personagens (com exceção da aporrinhante Kate) são tão decadentes e degenerados que é bem fácil gostar de Niko. [SPOILER ALERT] Ao menos dessa vez, a Rockstar resolveu mostrar que o crime não compensa - praticamente todo mundo se fode no final.


Liberdade Para Quem Precisa

"Ué, mas o cara não ia falar mal do jogo?", o leitor mais assanhadinho já deve estar pensando. Acalme-se, pequeno gafanhoto. Nem tudo são rosas no jardim dos Bellic. Acontece que muitos (eu incluso) esperavam que a rockstar fosse dar "o próximo passo" no gênero sandbox que ela mesma alavancou, mas é decepcionante pensar que o significado de "liberdade" em GTA, salvo alguma poucas exceções que citarei a seguir, ainda é o mesmo desde 1997: ande por aí, faça várias missões e, se quiser, exploda, atropele e chacine os pixelizados habitantes da cidade. É muito triste, de verdade. Não que não seja divertido, como o vídeo acima bem mostrou, mas é uma diversão muito bruta, primária. Meu cérebro já estava atrofiado depois do milésimo pedestre que mandei pelos ares com uma granada.



Será que estou ficando velho demais para essas coisas? Já faz 10 anos que Fallout 2 nos mostrou qual é o real significado que a palavra "liberdade" pode ter em um game, e cá estamos com GTA 4, pensando quão longe caminhamos por essa estrada. Quanto mais eu jogava, maior a distância criada entre eu e Niko, que às vezes podia escolher entre assassinar ou não uma pessoa por dinheiro, mas outras simplesmente se esquecia de que o ser humano atrás do controle poderia não estar à vontade para sair matando qualquer um. Não que eu imaginasse que seria possível sair de GTA4 sem sujar as mãos, mas os desenvolvedores parecem ter se esquecido, em algumas missões do jogo, de nos dar escolhas quando elas seriam perfeitamente possíveis.

Qualquer noção de "imersão" foi pelo ralo quando Niko se dizia profundamente apaixonado pela porcaria da Kate, e eu detestava aquela vaca. Nem mesmo tinha saído com ela! Some isso às barbaridades que o protagonista cometia para ganhar dinheiro, reclamando que seu primo gastava tudo no jogo - e enquanto isso a minha conta bancária já passava de meio milhão de dólares, eu tinha vários apartamentos, e pelo menos 6 carros esportivos.

Quer dizer, cadê, Rockstar? Cadê a revolução? [MAIS SPOILERS] Colocar dois finais bestas diferentes, sendo que o caminho é determinado por uma única escolha no finalzinho do jogo é sacanagem. Mas não se engane: GTa4 é um jogo obrigatório. Não é tudo que eu queria que ele fosse, mas é sem dúvida um título importante e que deve ser jogado, goste dele ou não.

Ah, e quem quiser comprar um GTA4 novinho pra X360, estou vendendo.

254 horas de cenas não-interativas

4 comentários:

Daniel disse...

Até que enfim Marcos. Mt boa a sua review de GTA4. Mas como assim vc já tá vendendo o jogo?

Mark Venturelli disse...

Duh, postei com o login da carol... rs.

Mark Venturelli disse...

Simples: já joguei dezenas de horas, tô duro, tem uma pá de jogos chegando por aí que eu quero comprar. Portanto, adeus GTA4.

Anônimo disse...

[url=http://www.pi7.ru/main/1666-ispancu-zapretili-igrat-za-sbornuyu-anglii.html ]Боюсь идти в ЗАГС за штампом о разводе. [/url]
Месяц назад я приняла предложение о работе на позицию рук-ль отдела (без какого-либо управленческого опыта). Сама довоьно мягкая по натуре и для меня очень сложно поднять голос, тем больше без повода. Сейчас ощущаю, что подчиненные начинают садиться на шею и грубить. Хочу провести с ними разъяснительную беседу. НО мой новый руководитель (женщина) буквально каждый день, когда раздает задания, раздает их напрямую им и буквально всецело меня игнорирует. С такими воздействиями с ее стороны я вообще не могу позиционировать себя перед ними, как их рук-ль.
Как вы думаете, могу ли я напрямик ей заявить про то, что это меня не устраивает? В каком виде это лучше преподнести?
Мне очень хочется стать неплохим руководителем, адекватным, справедливым, но и строгим, когда нужно...